Análise da série vermelha das gestantes no 1° trimestre internadas na maior maternidade de Campos dos Goytacazes em 2023
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p26Palavras-chave:
Anemia, Gestante, Hemodiluição, DesnutriçãoResumo
A anemia em gestantes é influenciada pela carência nutricional relacionada à desigualdade socioeconômica devido ao aumento do consumo de alimentos industrializados, atrativos pelo baixo custo. Nesse sentido, durante a gestação ocorre a hemodiluição, fenômeno fisiológico em que há aumento plasmático proporcionalmente maior que o dos elementos celulares no sangue. Como consequência, os parâmetros de normalidade são abaixo dos valores da mulher não grávida. O parto promove grande perda sanguínea e as grávidas anêmicas são mais suscetíveis à necessidade de uso de hemoderivados e a complicações em caso de hemorragia, devido a pouca reserva. A exposição do feto à deficiência nutricional e anemia materna no ambiente intrauterino aumenta o risco de desenvolvimento de doenças na vida adulta. Analisar a série vermelha das gestantes no 1° trimestre internadas na maior maternidade pública de Campos dos Goytacazes (RJ) em 2023. Estudo observacional, do tipo transversal. A coleta de dados foi feita a partir do prontuário eletrônico pela análise da série vermelha do hemograma e ultrassom de até 12 semanas. Foi feita a identificação do perfil demográfico das grávidas pelas variáveis: profissão, cor declarada, idade da gestante, estado civil, idade gestacional e bairro. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e pela Direção Clínica do hospital. Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi usado teste Shapiro-Wilk e para testar a diferença significativa de distribuição não paramétrica foi usado Mann-Whitney. No total foram analisados 1637 prontuários de gestantes internadas, desses 87 (5,3%) estavam no 1° trimestre. Dos 87 prontuários incluídos, 81,6% (71/87) das gestantes eram solteiras, 60,9% (53/87) eram pardas, com média de idade de 27,11 ± 6,40 anos, sendo a profissão do lar a mais frequente com 42 (48,2%) casos. Para anemia, foram considerados valores da hemoglobina menor que 11g/dL e o hematócrito menor que 33%. Na análise da série vermelha das gestantes com anemia, a mediana de hemoglobina foi de 10,5 (IQR 9,77:10,7), a mediana de hematócrito foi de 32,1 (IQR 31,2:32,52), a mediana do VCM foi de 79,85 (IQR 77,425:82,42) e a mediana do CHCM foi de 31,03% (IQR 30,35:31,85). Esses resultados mostram que a anemia é do tipo microcítica pelo VCM abaixo de 80 fL e hipocrômica pelo CHCM abaixo de 32%. Das 87 gestantes internadas no 1° trimestre, 20 (22,99%) tinham anemia com diferença significativa entre as medianas dos resultados de hemoglobina (10,5 vs 12,2; p=0,032) e hematócrito (32,1 vs 38; p=0,006). Dessas, foram classificadas 19 (95%) grávidas com anemia leve e 1 (5%) caso de anemia moderada. As gestantes anêmicas foram agrupadas em faixas etárias de 5 em 5 anos, sendo que a de 27 a 32 anos teve maioria dos casos (10). Os bairros mais acometidos com diferença significativa entre a mediana dos números de casos de anemia foram os mais carentes e periféricos (1,0 vs 2,5; p=0,030). O número considerável de gestantes no 1° trimestre com anemia residentes em bairros periféricos, principalmente solteiras, pardas e do lar subsidia que órgãos tomadores de decisão devem repensar os programas de suplementação de ferro e ácido fólico como uma forma de elevar a hemoglobina materna e alcançar boas reservas de ferro antes da mulher engravidar, rompendo esse ciclo danoso que se inicia no ambiente intrauterino e impacta ao longo de toda a vida.
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