Evidências causais do efeito dos anti-inflamatórios não esteroidais no desenvolvimento da doença renal
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p36Palavras-chave:
Anti-inflamatórios não esteroidais, Toxicidade, Doença renal crônicaResumo
Os rins são cruciais na eliminação de drogas, contudo, esse processo muitas vezes se dá às custas da toxicidade medicamentosa. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são medicamentos de ampla utilização pela população, porém, o bloqueio inespecífico das ciclooxigenases culmina com nefrotoxicidade importante. Seu uso prolongado ou em doses elevadas está associado à insuficiência renal aguda, nefrite intersticial e aumento do risco de doença renal crônica (DRC), especialmente em pacientes idosos ou com comorbidades. O objetivo do estudo foi identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença renal crônica, com ênfase para o papel dos anti-inflamatórios nesse processo, em pacientes diagnosticados com a doença. O estudo teve caráter observacional transversal, com abordagem de pacientes com diagnóstico de DRC cadastrados na Associação Amigos do Rim no município de Campos dos Goytacazes, RJ. Foram entrevistados 83 pacientes no mês de maio de 2024. A entrevista foi baseada em formulário de pesquisa semiestruturado digital utilizando a plataforma REDCap. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Campos. O gênero predominante para DRC foi o feminino (59,04%). A comorbidade mais prevalente foi a hipertensão com (40,65%) seguida de dislipidemia (19,35%). Os AINEs citados como os mais utilizados foram ibuprofeno, diclofenaco e nimesulida. Os fatores de riscos como idade avançada (acima de 51 anos, 49,3%) e a presença de comorbidades como hipertensão (40,65%), diabetes (18,06%), e dislipidemias (19,35%) aumentam o risco de nefrotoxicidade provocada pelo uso inadequado de AINEs. Entre os pacientes entrevistados, 34,9% alegaram fazer uso de AINEs por automedicação no passado, antes do diagnóstico, e 15,6% informaram que faziam uso contínuo desses medicamentos, além disso, 19,2% usavam esses medicamentos mais de três vezes ao dia. Nesse sentido, tendo em vista que a fisiopatologia da toxicidade renal dos anti-inflamatórios é bem conhecida, é essencial conscientizar a população sobre os riscos da automedicação com AINEs e a necessidade de acompanhamento médico e farmacêutico, educando os pacientes sobre os riscos inerentes ao seu uso irracional, especialmente quanto ao impacto sobre a função renal. Agindo assim, é possível reduzir o impacto dos anti-inflamatórios no desenvolvimento de DRC e melhorar os resultados de saúde a longo prazo.
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