Fatores sociodemográficos influenciam a intenção de inscrição:
um estudo comparativo entre pacientes dialíticos
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p53Palavras-chave:
Transplante de Rim, Conhecimento em Saúde, Insuficiência Renal CrônicaResumo
O transplante renal, o órgão mais transplantado no mundo, é uma intervenção vital que restaura a função renal e melhora a qualidade de vida dos pacientes com insuficiência renal terminal. No Brasil, mais de 37 mil pessoas aguardam um novo rim, evidenciando a alta demanda por transplantes renais. Em regiões com altas taxas de não inscritos, é essencial compreender o perfil desses pacientes para desenvolver estratégias que aumentem as inscrições para transplantes. Investigar o nível de conhecimento sobre diálise, transplante renal e doação em vida entre pacientes submetidos a tratamento dialítico em Campos dos Goytacazes, identificando fatores que contribuem para a alta prevalência de não inscritos para transplante renal. Foi conduzido um estudo transversal de janeiro a junho de 2024, com entrevistas utilizando o questionário Rotterdam Renal Replacement Knowledge-Test (R3K-T), traduzido e adaptado com 21 questões. As entrevistas ocorreram nos dois centros de diálise ambulatorial de Campos dos Goytacazes. Foi utilizado o teste Mann-Whitney para as análises não paramétricas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 75652523.9.0000.5244) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Participaram 123 pacientes, com média de idade de 55,35 (±15,55) anos, sendo 74 (60,1%) homens. Observou-se que 64 (52,89%) tinham ensino fundamental ou menos e 68 (55,2%) eram casados. A doença renal não hereditária foi a mais comum (90 casos, 73,1%), seguida pela hereditária (24 casos, 19,5%) e não informado (9 casos, 7,32%). A maioria dos pacientes (87, 70,7%) não estavam listados para transplante, enquanto 32 (26,0%) estavam listados e 4 (3,25%) já haviam sido transplantados. A prevalência de hipertensão foi de 103 (83,7%) e a diabetes foi de 46 (37,4%). Há uma associação estatisticamente significativa entre ter pelo menos o ensino fundamental completo e estar listado para transplante renal (OR = 0,2357; IC95%: 0,09979-0,5568; p = 0,0013). Além disso, uma idade mais baixa foi associada a um score total maior no R3K-T (Correlação de Spearman = -0,08866365; IC95%: -0,2648 a 0,1420), refletido na média de idade menor dos pacientes listados em comparação aos não listados (48,5 anos vs. 61 anos; p = 0,0003). A mediana de acertos no teste R3K-T foi de 11.229,16 (IQR: 95-135), e o sexo feminino foi associado a uma pontuação significativamente maior (p = 0,00410; IC95%: 0,0395) com médias de 129,59 pontos para mulheres versus 108,627 pontos para homens. A mediana do score do grupo de participantes solteiros e viúvos foi menor quando comparado com o grupo de casados ou em união estável (p = 0,0442; 11 versus 12). No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre a idade e sexo (p = 0,4548), nem entre o score e a origem da doença renal (p = 0,8362) e a situação na lista de transplantes (p = 0,2150). Conclui-se que, fatores sociodemográficos influenciam decisivamente a intenção de inscrição em listas de transplante renal. A baixa escolaridade, idade avançada e a falta de compreensão sobre os riscos e benefícios do transplante são identificadas como barreiras significativas para a inscrição. A desinformação é um fator chave que contribui para a hesitação em considerar o transplante como uma opção. O estudo sugere também, que as mulheres têm maior propensão a se inscreverem nas listas de transplante, possivelmente devido a uma maior noção de autocuidado e melhor nível educacional.
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