Prevalência de depressão na população em situação de rua de Campos dos Goytacazes e fatores associados

Autores

  • Gabriela Espíndola FMC
  • Déborah Lessa da Silva Faculdade de Medicina de Campos
  • Yasmim de Souza Leite
  • Gabriela Ferreira Dal Molin

DOI:

https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v12022p8

Palavras-chave:

População de rua, Saúde mental, Depressão

Resumo

Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), indivíduos que passam por situações difíceis são mais suscetíveis a transtornos depressivos. Sendo assim, pode-se dizer que a população em situação de rua é um grupo com risco considerável de desenvolvê-los. Objetivo: Determinar o perfil da população em situação de rua de Campos dos Goytacazes, bem como a prevalência de depressão neste grupo e os fatores associados a ela. Método: Estudo transversal realizado no período de 12 meses no Centro POP com 108 pessoas atendidas na unidade pela aplicação de um questionário socioeconômico e do inventário de depressão de Beck. Os dados do estudo foram analisados quantitativamente em números percentuais a partir do programa Epidata 3.1. Critérios de inclusão: pessoas em situação de rua maiores de 18 anos que frequentem o Centro POP para atendimento e/ou refeições, que tenham condições físicas e psíquicas para responder aos questionários e aceitem participar do projeto voluntariamente, mediante TCLE. Projeto aprovado no CNPq n° 26899219.0.0000.5244. Resultados e Discussão: Foram abordadas 108 pessoas, sendo 95 questionários válidos. 87,4% dos respondedores eram do sexo masculino; 48,8% de cor preta; 43 (45,2 %) tinham entre 18 e 35 anos; 56,8% está na rua há menos de 2 anos; 58 (61%) estudaram até o ensino fundamental. Com relação à saúde mental dos entrevistados, 82 (86,3%) apresentaram algum grau de depressão, sendo 26 (27,4%) leve (L), 27 (28,4%) moderada (M) e 29 (30,5%) severa (S). Apenas 8% dos moradores que estão na rua entre 3 e 10 anos não possuem depressão. Todos os interrogados que responderam vícios como fatores motivadores para a situação em rua manifestaram akgum grau de transtorno depressivo. A prevalência de depressão foi de 68,42% no grupo que não apresentava vícios, enquanto que este valor foi de 88,14%, 90,57% e 97,44% entre os que usavam cigarro, álcool e outras drogas, respectivamente. Entre os que tinham contato com a família, a prevalência de depressão foi 77,6%, sendo a maioria leve (30,65%), enquanto que no grupo sem contato com a família, a prevalência foi de 95,7%, sendo a maioria severa (41,3%). O índice de depressão encontrado na amostra foi 86,3%, sendo a maioria (30,5%) enquadrada como depressão grave, enquanto que um estudo semelhante, com a população em situação de rua de Belo Horizonte, demonstrou prevalência de 56,3%, sendo a maioria dos casos (26,9%), depressão leve. Conclusões: Este estudo está de acordo com a teoria de que populações vulneráveis estão propensas a desenvolver transtornos depressivos.  Nesta amostra, foi encontrada correlação maior entre gravidade da depressão, vícios e contato com a família. A população em situação de rua é um grupo heterogêneo que está mais suscetível que a população em geral a agravos de saúde, uma alternativa inicial seria implementar estratégias que facilitem o acesso dessa população a centros de apoio a saúde mental. 

Downloads

Publicado

2022-12-22

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)