Espondilodiscite complicada após procedimento urológico:
um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p61Palavras-chave:
Espondilodiscite, Antibióticos, Coleta de UrinaResumo
A espondilodiscite é uma doença infecciosa da coluna vertebral com elevada morbidade, composta pela junção de osteomielite vertebral, espondilite e discite. É sabido que o principal agente causador da doença é o Staphylococcus aureus. A ressonância nuclear magnética (RNM) é o exame de imagem padrão-ouro para diagnóstico, além de ser utilizado como método avaliativo da eficácia terapêutica, porém, o diagnóstico definitivo se dá através da cultura do material coletado por punção e biópsia. O tratamento pode ser feito de maneira conservadora com base no uso de antibióticos, órteses e repouso, ou cirúrgica, descomprimindo a coluna, desbridando a área infectada e fusão vertebral. Esse relato tem como objetivo relatar um caso de espondilodiscite complicada após ressecção transuretral da próstata, abordar a importância da antibioticoterapia adequada em casos como este e da realização da urocultura como exame pré-cirúrgico. Paciente de sexo masculino, 78 anos, branco, previamente hígido com queixas urinárias obstrutivas devido a uma hiperplasia prostática benigna, realizou uma ressecção transuretral (RTU) da próstata. No pós operatório, 25 dias após a RTU, o paciente procurou atendimento hospitalar com queixa de lombalgia associada a dificuldade de deambular e febre. Foi realizada uma Ressonância Magnética da coluna lombo-sacra a qual evidenciou uma espondilodiscite infecciosa em T11-T12, L1-L2, L4-L5 E L5-S1, caracterizada por líquido intradiscal, edema realçado pelo contraste da medula óssea dos corpos vertebrais e erosões dos platôs vertebrais, além de alterações inflamatórias com edema da musculatura paravertebral posterior e dos iliopsoas, sem evidências de coleções e presença epidurite anterior em S1 e T11-T12. Realizou-se também uma biópsia percutânea intervertebral para cultura do material cujo resultado foi negativo para presença de patógenos. A coloração de GRAM demonstrou: raras células epiteliais de descamação, numerosos leucócitos ausência de formas bacterianas e ausência de leveduras. Em relação ao tratamento, inicialmente, no hospital de origem, foram administrados por vinte e dois dias um esquema de antibioticoterapia contendo Vancomicina e Ceftriaxone a fim de cobrir respectivamente o Staphylococcus aureus, principal agente causador da espondilodiscite e enterobacterias (presentes no trato urinário). O paciente evoluiu com Síndrome do Pescoço Vermelho, uma farmacodermia imposta pelo uso da Vancomicina. Após o insucesso do primeiro esquema terapêutico, foi iniciada a terapia combinada de Linezolida 600mg, intravenoso a cada 12h e Cefepime 2g intravenoso a cada 12h, ambos por 42 dias. Além disso, foi administrado também a Dexametasona 4mg intravenoso, 1x ao dia durante 10 dias. Ao final do tratamento com a antibioticoterapia adequada, o paciente evoluiu com ausência de febre e dor ao deambular, bem como melhora significativa do quadro infeccioso. A esse respeito, conclui-se que é de suma importância a solicitação de urocultura prévia à procedimentos de manipulação de vias urinárias, tais como a RTU de próstata, a fim de detectar possíveis patógenos que podem gerar infecções posteriormente. Além disso, é imprescindível conhecer os principais germes causadores de infecções do trato urinário e da espondilodiscite a fim de traçar o esquema de antibioticoterapia adequado para cada paciente.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Maria Fernanda Leal Freitas Amoy, Mariana Barreto Duarte, Gabriel Morais Carvalho Viana, Lara Viana de Barros Lemos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores do manuscrito submetido aos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos, representados aqui pelo autor correspondente, concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem sem ônus financeiro aos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos o direito de primeira publicação.
Simultaneamente o trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite copiar e redistribuir os trabalhos por qualquer meio ou formato, e também para, tendo como base o seu conteúdo, reutilizar, transformar ou criar, com propósitos legais, até comerciais, desde que citada a fonte.
Os autores não receberão nenhuma retribuição material pelo manuscrito e a Faculdade de Medicina de Campos (FMC) irá disponibilizá-lo on-line no modo Open Access, mediante sistema próprio ou de outros bancos de dados.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta publicação.
Os autores têm permissão e são estimulados a divulgar e distribuir seu trabalho online na versão final (posprint) publicada pelos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos em diferentes fontes de informação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer tempo posterior à primeira publicação do artigo.
A Faculdade de Medicina de Campos poderá efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, contando com a anuência final dos autores.
As opiniões emitidas no manuscrito são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).