Bradicardia sinusal sintomática por hipermagnesemia após automedicação em paciente com doença renal crônica:
um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v22023p52Palavras-chave:
Bradicardia, Doença Renal Crônica, AutomedicaçãoResumo
Introdução: A hipermagnesemia é um distúrbio eletrolítico pouco frequente, sendo definida pela concentração plasmática de magnésio acima de 2,4 mg/dL. Geralmente é uma alteração bem tolerada pelo organismo, os pacientes que apresentam uma hipermagnesemia sintomática podem apresentar diversas manifestações clínicas, dependendo do nível e do tempo em que ocorreu o distúrbio eletrolítico. Valores crescentes (4 a 12,5 mg/dL) podem induzir náuseas, vômitos, reflexos tendinosos profundos abolidos, hipotensão arterial, bradicardia e alterações do eletrocardiograma, incluindo aumento do intervalo PR e complexo QRS alargado. A hipermagnesemia grave pode ser fatal, mas é quase exclusivamente observada em pacientes com função renal significativamente diminuída associada a uma ingesta elevada de magnésio através de suplementos ou laxantes ou antiácidos contendo magnésio. Objetivos: Relatar um caso de bradicardia sinusal sintomática por hipermagnesemia após automedicação com suplemento alimentar em uma paciente do sexo feminino com doença renal crônica. Descrição do caso: Mulher, 72 anos, admitida na emergência com queixa de tontura e turvação visual. Antecedente de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipotireoidismo e doença renal crônica. Em uso de Valsartana, Hidroclorotiazida, Levotiroxina, Anlodipino, Insulina NPH, Pregabalina e Fluoxetina. Ao exame físico paciente encontrava-se lúcida, orientada, pressão arterial 160x80 mmHg, ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas e sem sopros, frequência cardíaca (FC) de 40 batimentos por minuto (bpm), sem outras alterações. Eletrocardiograma mostrou bradicardia sinusal, bloqueio de ramo direito, alteração da repolarização em paredes inferior e lateral. Exames laboratoriais evidenciaram anemia normocítica e normocrômica, sem alterações nas séries branca e plaquetária; elevação das escórias nitrogenadas (ureia 60 mg/dL e creatinina 2,2 mg/dL). Dosagem de eletrólitos: sódio 139 mEq/L, potássio 4,54 mEq/L, magnésio 6 mg/dL e cálcio 8,2 mg/dL. Gasometria arterial e troponina dentro dos valores de normalidade. Feito Furosemida e Gluconato de cálcio intravenoso, para redução do magnésio e bloqueio do efeito tóxico do aumento dos níveis de magnésio, respectivamente. Admitida paciente na Unidade de Terapia Intensiva e iniciado Dopamina na tentativa de aumento da frequência cardíaca. Investigada causa da hipermagnesemia e após anamnese direcionada, paciente relata uso de suplemento alimentar de magnésio e vitamina B6, sem orientação médica. Evoluiu com redução progressiva dos níveis séricos de magnésio e melhora progressiva da frequência cardíaca, recebendo alta após 6 dias de admissão hospitalar com magnésio de 1,8 mg/dL e FC de 78 bpm. Conclusões: A hipermagnesemia grave é um distúrbio eletrolítico que, embora mais raro, pode levar a alterações eletrocardiográficas significativas e ser fatal principalmente em indivíduos que apresentam a função renal previamente debilitada. Dessa forma, a suplementação deste eletrólito deve ser indicada e monitorada por um médico levando-se em conta as necessidades e comorbidades do paciente.
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