Gestão de balanço hídrico em terapia intensiva: o convencionalmente praticado e o idealmente possível
DOI:
https://doi.org/10.29184/1980-7813.rcfmc.1050.vol.19.n1.2024Palavras-chave:
Equilíbrio Hidroeletrolítico, Cuidados Críticos, MortalidadeResumo
O Balanço Hídrico (BH) é uma ferramenta de extrema importâncianacondução dos pacientes criticamente enfermos, principalmente na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico. Como não exige um modelo protocolar, variando conforme a instituição, muitas vezes não contempla todas as variáveis necessárias para a sua ampla avaliação. O objetivo do estudo foi propor um modelo de balanço hídrico mais completo e quantificar a distorção do somatório das variáveis hídricas avaliadas diariamente com o modelo local em vigência, comparando-o com um modelo teoricamente ideal. Para isso, foi realizada uma comparação tipo crossover, entre balanço hídrico “praticado” e o “calculado”. Variáveis hídricas adicionais somaram-se às costumeiramente utilizadas, na tentativa de complementar a avaliação. Foram selecionadas duas unidades de terapia intensiva, com perfis, tipificação, público-alvo, condição econômica e recursos distintos. Cada paciente foi comparado consigo mesmo, excluindo-se do estudo apenas casos que não completaram 24h de internação. Os resultados apontaram um discrepante volume hídrico cumulativo entre os grupos (11.218mL no grupo “praticado” versus 5.512mL no “calculado”), além de uma falsa impressão de mortalidade associada apenas aos BH excessivamente altos (óbitos com cumulativo de 20.764mL na coleta atualmente praticada em relação a 11.560mL do modelo proposto). Além disso, observou-se maior mortalidade na faixa de espectro negativo do balanço hídrico, no modelo calculado. Assim, no modelo proposto, BH 50% menores do que os “praticados” já apresentam desfechos ruins e aumentam a letalidade desses pacientes. Concomitantemente, o balanço hídrico cumulativo calculado dos pacientes que tiveram alta, foi 2,97 vezes menor do que o corriqueiramente praticado. Os dados encontrados tiveram significância estatística e corroboraram com a literatura médica atual, associando incremento de mortalidade com um balanço hídrico mais positivo.
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