Repercussões da pandemia de Covid-19 sobre a incidência de infecções bacterianas multirresistentes em unidade de terapia intensiva no Norte Fluminense
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p42Palavras-chave:
Drogas multirresistentes, Microbioma, Pandemia de COVID-19, Infecção nosocomial, Cuidados intensivosResumo
Pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) estão propensos a infecções multirresistentes, especialmente durante a COVID-19, quando o número de leitos aumentou devido aos pacientes graves. O uso empírico e irracional de antibióticos
foi uma das causas do aumento da resistência bacteriana. O objetivo do presente estudo é projetar e estabelecer o impacto do SARS-CoV-2 sobre as infecções bacterianas multirresistentes em uma UTI no município de Campos dos Goytacazes. Desenvolveu-se um estudo retrospectivo do tipo coorte ambidirecional, em que se modelou a população estudada com base nas culturas protocoladas no centro de controle de infecção hospitalar (CCIH), sendo necessária apenas uma cultura positiva para inclusão. As variáveis utilizadas incluem data do exame, idade, sexo (sem restrições) e material coletado, sendo: hemocultura, urocultura, coprocultura, aspirado traqueal, lavado broncoalveolar, ponta de cateter, secreção ocular, secreção de feridas, secreção de ouvido e orelha, swab nasal, amostra genital, amostra retal e líquor. Confeccionou-se uma planilha com os principais agentes encontrados nos sítios de coleta, bem como os antibióticos utilizados no setor para estabelecer o perfil de resistência. Os dados coletados foram armazenados e analisados na plataforma RedCap com total confidencialidade. Os resultados avaliados foram de Agosto/23 até Junho/24 (n=257 pacientes), por meio de planilhas e estatísticas no programa Excel. Da amostragem, 96 eram mulheres (37,5%) e 160 homens (62,5%). A média de idade foi de 40,48 anos (variando de 3 meses a 98 anos). Dos 322 materiais positivos: aspirado traqueal (144/44,72%), hemocultura (61/18,94%), urocultura (50/15,53%), amostra retal (23/7,14%), lavado broncoalveolar (13/4,04%), swab nasal (16/4,97%), ponta de cateter (7/2,17%), secreção de feridas (5/1,55%), líquor (2/0,62%) e secreção ocular (1/0,31%). No aspirado traqueal, dos 143 agentes, tem-se: Acinetobacter baumannii (66/45,65%), Pseudomonas aeruginosa (24/16,08%), Klebsiella pneumoniae e Staphylococcus aureus (ambos com 11/7,96%). Na hemocultura, dos 63 agentes, obtiveram-se: Staphylococcus aureus (16/25,40%), Acinetobacter baumannii (12/19,05%) e Klebsiella pneumoniae (10/15,87%). Na urocultura, dos 49 agentes, encontrou-se:
Acinetobacter baumannii, Pseudomonas sp, Klebsiella sp (todos com 11/22,45%) e Escherichia coli (8/16,33%). No total, foram observadas 173 bactérias, sendo as mais prevalentes: Acinetobacter spp. (66/38,15%), Staphylococcus aureus
(27/15,61%) e Klebsiella pneumoniae (11/6,36%). Das 257 culturas, 93,39% (n=240) apresentaram resistência e 6,61% (n=17) sensibilidade, média de 5,36 e moda de resistência a 3 antibióticos por paciente. Dos 36 antibióticos analisados, determinou-se uma frequência absoluta de 1387 resistências, sendo os carbapenêmicos de maior resistência (543/39,15%), dentre eles os mais resistentes foram Imipenem (183/33,70%), Meropenem (182/32,52%) e Ertapenem (178/32,78%). Seguiram-se Aztreonam (119/8,58%) e Cefepima (117/8,44%). Os óbitos foram de 19 registros. Este estudo foi o primeiro sobre o tema no Norte Fluminense a comparar os efeitos da pandemia sobre infecções bacterianas
multirresistentes em uma UTI. Além de fornecer dados quantitativos e qualitativos sobre o microbioma e os perfis de resistência, demonstrou-se as bactérias multirresistentes prevalentes na instituição avaliada. O estudo tem auxiliado na
elaboração de intervenções para reduzir a incidência alarmante dessas infecções.
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