Choque séptico pulmonar por Acinetobacter baumannii multirresistente em imunocomprometido:

relato de caso

Autores

  • Sara Oliveira Maia Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil https://orcid.org/0000-0002-7710-2297
  • Vitor Hugo Silva de Aguiar Ribeiro Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil https://orcid.org/0000-0002-1738-0893
  • Júlia Brasil Barbosa Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Luiz Antônio Eckhardt de Pontes Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil

DOI:

https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p62

Palavras-chave:

Farmacorresistência múltipla, Bacterium anitratum, Hospedeiro imunossuprimido, Choque Tóxico

Resumo

O aumento da incidência de infecções causadas por Acinetobacter baumannii (A. baumannii) tem se tornado um desafio para os sistemas de saúde devido à sua alta capacidade de resistência a múltiplos antibióticos e pela dificuldade no manejo medicamentoso. Os quadros acometem principalmente os pacientes em terapia intensiva, sendo a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) a mais comum. As taxas de mortalidade variam entre 40 a 70% na PAV e na corrente sanguínea de 28 a 43%. Apresentamos aqui a descrição e análise da abordagem terapêutica utilizada em um caso de infecção por Acinetobacter baumannii multirresistente em paciente imunossuprimido em uma unidade de terapia intensiva no Norte Fluminense. Paciente masculino, 42 anos, portador de trissomia do cromossomo 21, neuropatia e histórico cirúrgico de hiatoplastia com fundoplicatura gástrica, foi admitido em um serviço de saúde especializado com desconforto respiratório e episódios de febre. Ao exame físico: acordado e lúcido, pupilas isocóricas e fotorreagentes, hidratado, hipocorado (++/4+), eupneico com esforço, febril (38ºC), pressão arterial de 110x80 mmHg, frequência cardíaca de 95 bpm e pulsos simétricos. Aparelho respiratório com murmúrios universalmente audíveis, com roncos de transmissão, saturando 92% em ar ambiente. Os exames complementares realizados demonstraram pequeno derrame pleural bilateral, atelectasia restritiva do parênquima adjacente, pequenos focos de consolidação nos lobos inferiores, espessamento brônquico, pequena hérnia de hiato esofágico e achados compatíveis com infecção do trato urinário. Instituiu-se tratamento empírico com polimixina B e fluconazol, mantido por duas semanas. Fez-se necessária a transferência para UTI e após início da ventilação mecânica, foi iniciado antibioticoterapia empírica com meropenem e linezolida. Os exames de hemocultura e urocultura foram negativos, enquanto a cultura de secreção traqueal confirmou a presença de A. baumannii multirresistente a amicacina, ciprofloxacina, gentamicina, meropenem e piperacilina/tazobactam, sensível à tigeciclina (MIC <=0,5). Após extubação, manteve-se a antibioterapia na enfermaria, acrescido de dieta enteral, dipirona, omeprazol, quetiapina, enoxaparina, fisioterapia motora e respiratória e precaução de contato. A tigeciclina foi considerada como uma opção terapêutica baseada na sensibilidade, porém o tratamento empírico estabelecido foi mantido devido à melhora dos parâmetros avaliados (febre, saturação e desconforto respiratório). A gestão de infecções por A. baumannii multirresistente é desafiadora devido à limitada eficácia dos antibióticos disponíveis. Sendo assim, ressalta-se a necessidade de solicitar o isolamento bacteriano, bem como o teste de sensibilidade para orientar mudanças terapêuticas quando necessário.

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Publicado

2024-10-17

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