Impacto da geolocalização, variáveis climáticas e perfil dos casos de dengue em Campos dos Goytacazes – RJ, no período de 2022 a 2023
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p22Palavras-chave:
Dengue, Incidência, Meio Ambiente e Saúde Pública, Saúde Pública, ClimaResumo
A dengue é a infecção por arbovírus com maior incidência no mundo, com aumento significativo no Brasil nas últimas três décadas. O controle da sua disseminação é um desafio à saúde pública devido a fatores como alterações climáticas, desmatamentos, migração populacional, urbanização desordenada e condições sanitárias precárias. Embora a temperatura e precipitação sejam variáveis importantes neste contexto, em Campos dos Goytacazes ainda não foi realizado um mapeamento dos fatores ambientais com o acompanhamento epidemiológico dos casos. Determinar a influência dos fatores ambientais, geolocalização e perfil dos casos de dengue em Campos dos Goytacazes. Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico da ocorrência e distribuição dos casos de dengue em Campos dos Goytacazes, nos anos de 2022 e 2023, utilizando dados secundários da vigilância epidemiológica da cidade, IBGE e Instituto Nacional de Meteorologia. Para comparar se há diferença das idades entre os sexos, foi realizado o teste de Wilcoxon ao nível de 5% de significância. As variáveis climáticas foram analisadas por semana epidemiológica para explorar possíveis relações com os casos de dengue. Os dados foram analisados por meio do software livre R, versão 4.4.0. Dos dados notificados, em 2022 foram confirmados 199 (27,4%) casos de dengue, dos quais 120 (60,3%) são do sexo feminino. Em 2023 apresentou maior número de casos, com 2910 (43,4%), abrangendo 1758 (60,4%) do sexo feminino. Não houve diferença significativa nas idades entre os sexos no ano de 2022 (p = 0,1451). No entanto, em 2023, a mediana de idade foi maior para o sexo feminino (36 vs 30 anos; p = 5,771e-12). O número de bairros também foi maior em 2023, quando comparado a 2022 (116 vs 140 bairros). Ao avaliar a influência da geolocalização na incidência de casos, Santa Cruz foi o bairro com maior incidência em 2022 (75 casos/10.000 habitantes), seguido por Jardim Carioca (50/10.000) e Tapera (29/10.000). Em 2023, o Parque Aeroporto apresentou maior incidência (995 casos/10.000 habitantes), seguido por Jardim Carioca (455/10.000) novamente e Parque Leopoldina (394/10.000). Na identificação dos casos por semana epidemiológica, 2022 apresentou maior número de casos na semana 20 (53 casos). Em 2023, o pico ocorreu na semana 11 (206 casos). Algumas semanas antes (1 e 4) houve uma maior média de precipitação semanal, com 14,9 mm e 14,2 mm, respectivamente. E as temperaturas médias foram de 26ºC e 25ºC, com umidade relativa de 91% e 92%, respectivamente. A alta incidência de casos em 2023 sugere uma possível influência de fatores ambientais e sazonais na propagação do vetor visto que os períodos prévios ao aumento de casos apresentaram uma faixa ideal para seu desenvolvimento. A relação significativa de notificação de mulheres em 2023 pode indicar um padrão de exposição, vulnerabilidade ou procura pelo serviço de saúde que merece investigação mais aprofundada. A constância de bairros com alta taxa de incidência no biênio sugere que fatores urbanos podem estar contribuindo para a perpetuação de um ambiente propício à proliferação do vetor. Os dados analisados revelam uma intrínseca relação da geolocalização e das variáveis climáticas com a notificação de casos. E os dados preliminares de 2024, já com 12.000 casos, reforçam a necessidade de integrar dados climáticos nos modelos de previsão de surtos de dengue, permitindo ações preventivas mais eficazes.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Thais Pereira Freitas, Silvia Campos dos Reis Martins Campos dos Reis Martins, Douglas Terra Machado, Thaís Louvain de Souza

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores do manuscrito submetido aos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos, representados aqui pelo autor correspondente, concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem sem ônus financeiro aos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos o direito de primeira publicação.
Simultaneamente o trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite copiar e redistribuir os trabalhos por qualquer meio ou formato, e também para, tendo como base o seu conteúdo, reutilizar, transformar ou criar, com propósitos legais, até comerciais, desde que citada a fonte.
Os autores não receberão nenhuma retribuição material pelo manuscrito e a Faculdade de Medicina de Campos (FMC) irá disponibilizá-lo on-line no modo Open Access, mediante sistema próprio ou de outros bancos de dados.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta publicação.
Os autores têm permissão e são estimulados a divulgar e distribuir seu trabalho online na versão final (posprint) publicada pelos Anais da Semana Científica da Faculdade de Medicina de Campos em diferentes fontes de informação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer tempo posterior à primeira publicação do artigo.
A Faculdade de Medicina de Campos poderá efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, contando com a anuência final dos autores.
As opiniões emitidas no manuscrito são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).