Associação entre o pré-natal e a incidência da infecção por Sífilis na gestação em uma maternidade no Norte Fluminense, no período 2023-2024
DOI:
https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p41Palavras-chave:
Gestantes, Transmissão Vertical, Treponema pallidum, Infecção Sexualmente TransmissívelResumo
A Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) de grande relevância para a saúde pública no Brasil, e com inúmeros desfechos negativos no contexto materno-fetal. Embora a doença e seus mecanismos de transmissão sejam amplamente conhecidos, os fatores relacionados ao aumento de sua incidência necessitam de uma investigação aprofundada. Caracterizar a execução do pré-natal, o perfil sociodemográfico das mães, analisar o rastreio para infecção por sífilis na gestação, e a co-infecção com toxoplasmose e HIV. Trata-se de um estudo transversal prospectivo com análise de prontuários das puérperas atendidas em uma maternidade no Norte Fluminense no período de setembro de 2023 a agosto de 2024. Atualmente, o estudo contém 2.003 binômios materno-fetais. Deste total, 39% das gestantes (783/2.003) realizaram um número igual ou menor a 6 consultas de pré-natal. A média de consultas entre as gestantes que participaram do pré-natal foi de 7,18, e a média de idade geral foi de 25,6 anos. O número de consultas torna-se inversamente proporcional e estatisticamente relevante ao número de gestações quando comparamos os grupos primigestas vs 7 gestações (p= 0.2873). No que tange à condução do pré-natal, 43,9% (879/2.003) das gestantes foram avaliadas para sífilis no primeiro trimestre; 25,8% (518/2.003) no segundo; 40,5% (812/2.003) no terceiro; e, 99.1% (1.986/2.003) foram avaliadas na admissão para o parto. Houve 0,84% (17/2.003) gestantes sem registro de teste rápido na admissão para o parto em seus prontuários. Destaca-se que 12,4% (248/2.003) das gestantes foram testadas somente no parto. A partir desse rastreamento identificou-se, 7,2% (144/2.003) casos de sífilis, dos quais somente 63,2% (91/144) foram tratados conforme o protocolo do Ministério da Saúde. A média de consultas dessas gestantes foi de 6.16. A exposição, fazer 6 consultas ou menos, aumentou em 49% o risco do desfecho VDRL+ (OR 0,51; IC 95% 0,36:0,72; p=0.00121). Quanto aos critérios de definição para os casos de notificação, especificamente a situação 1 da sífilis congênita do SVS 07/2017, 7,6% (11/144), se enquadram em tal condição. Em relação ao perfil da gestante infectada, 70,86% são pardas, 17,32% pretas e 11,82% brancas. Sobre o nível de escolaridade, 43,65% ignorado, 35,71% ensino fundamental e 20,63% ensino médio. Acerca dos fatores de risco, 12,69% faziam uso de bebida alcoólica, 10,31% tabaco, 7,14% relataram uso de cannabis e 4,76% cocaína. Sobre o tratamento dos parceiros, apenas 14,96% foram tratados. A média de idade das gestantes infectadas foi de 24,8 anos. Além disso, foram identificados 0,65% (13/2.003) casos de HIV, sendo 0,26% (4/2.003) casos de coinfecção sífilis/HIV. Em relação à toxoplasmose, 13,5% (272/2.003) das gestantes não foram testadas em nenhum momento da gestação. Entre as testadas, foram detectados 42,1% (729/1731) casos. Sendo o perfil de doença aguda 0,3% (2/729) (IgM+), subaguda 18,3% (134/729) (IgM e IgG+), crônica 81,3% (593/729) (IgG+), e o restante suscetíveis. A cadeia de transmissão do Treponema pallidum na gestação é sustentada pela associação de fatores como acompanhamento do pré-natal inadequado ilustrado pela chegada tardia das gestantes e o não tratamento simultâneo da mesma com o parceiro, que resultam em diagnósticos atrasados, reinfecções, possíveis desfechos negativos e com importante contribuição para mortalidade perinatal em nosso município.
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