FMC nos Quilombos:

abordagem Multidisciplinar na Promoção de Saúde e Educação em Assentamentos Quilombolas de Campos dos Goytacazes

Autores

  • Laura de Almeida Barreto Leite Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Beatriz Peixoto Assed Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Carla Côrtes Costa Ribeiro Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Murilo Cardoso Sales Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Victória Pacheco de Assis Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Andréya Moreira de Souza Soares Machado Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil

DOI:

https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p2

Palavras-chave:

Quilombos, Parasitoses, Saúde Comunitária

Resumo

A Constituição Federal de 1988 reconheceu, pela primeira vez, os direitos das comunidades quilombolas no Brasil. Esses grupos, definidos pelo Decreto nº 4.887 de 2003, são remanescentes das comunidades que resistiram à escravidão, preservando suas tradições culturais e se sustentando de maneira sustentável. Presentes em áreas rurais, urbanas e periurbanas, os quilombolas são agricultores, seringueiros, pescadores e outros trabalhadores que buscam o reconhecimento de sua história e contribuição para a sociedade. Essas comunidades também existem em outros países da América Latina, como Colômbia e Equador, refletindo uma resistência cultural que atravessa fronteiras. No território brasileiro, abrange 1.696 municípios, com destaque para a região nordeste e o estado da Bahia, que abriga a maior população quilombola do país. No Rio de Janeiro, 20.344 quilombolas residem em 37 dos 92 municípios, com Campos dos Goytacazes sendo o segundo município com a maior população quilombola. O projeto de extensão concentra-se em atender diversos assentamentos incluindo o Assentamento Antonio Farias, Sossego e Lagoa Feia, Aleluia, Batatal e Cambuca, bem como Conceição do Imbé. Desse modo, este projeto de extensão curricular buscou ir além dos limites da sala de aula e fortalecer o vínculo dos discentes com a sociedade, envolvendo uma equipe multiprofissional com ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde, para atender de forma integral, contínua e igualitária esta população. A ação foi realizada em assentamentos quilombolas, áreas marginais e interioranas da cidade, durante a manhã, com a participação dos agentes do Programa de Assistência aos Assentamentos e Quilombolas (PAAQ) e servidores da Secretaria de Saúde. Os alunos foram direcionados a um local específico para apresentar o conteúdo teórico abordado em sala de aula. Eles discutiram e esclareceram sobre parasitoses para o público-alvo, utilizando uma linguagem não científica e informal, além de dinâmicas interativas para engajar a comunidade e oferecer benefícios sociais significativos na área da saúde. Foram disponibilizadas vacinas, atendimentos médicos especializados de pediatria, ginecologia e obstetrícia, além de serviços de análise laboratorial de exames de fezes. A experiência proporcionada pelo projeto "FMC nos Quilombos" é enriquecedora tanto para as comunidades quanto para os discentes. As comunidades têm acesso à atenção primária à saúde e informações sobre parasitoses, o que reduz significativamente a carga no sistema de saúde. Academicamente, os alunos transcendem o conhecimento técnico-científico, aprendem a se relacionar respeitosamente com diferentes contextos culturais e a cultivar uma comunicação empática, essencial para a prática médica. Conclui-se que o projeto de extensão trouxe benefícios mútuos, visto que promoveu a melhoria da qualidade de vida da população quilombola e estimulou o compromisso social e ético dos discentes, preparando-os para serem agentes de mudança em suas futuras carreiras.

Downloads

Publicado

2024-10-17

Edição

Seção

Trabalhos originados de projetos de extensão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)