Plantas medicinais:

uma abordagem sobre o uso em crianças

Autores

  • Nathália de Oliveira Pessanha Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil
  • Virginia Freitas Rodrigues Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Campos dos Goytacazes, RJ- Brasil

DOI:

https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v32024p44

Palavras-chave:

Elementos para Assegurar o Uso Seguro, Plantas medicinais, Chás medicinais

Resumo

A utilização de plantas medicinais é uma prática comum para uma parcela significativa da população, passada de geração para geração por influência cultural, social e/ou econômica. Preparos a base de plantas medicinais constituem extração de substâncias químicas para administração e, nesse sentido, demandam uso racional, principalmente, em idosos, gestantes e crianças. O presente trabalho objetivou identificar as espécies vegetais prevalentemente utilizadas em crianças, avaliando seu uso racional, no intuito de evidenciar fragilidades dessa prática e alertar à população e aos profissionais de saúde quanto à importância do uso racional de plantas medicinais. Foi realizado um estudo observacional transversal, com aplicação de questionário. A amostragem, por conveniência, totalizou 100 pessoas, acima de dezoito anos, residente em Campos dos Goytacazes – RJ, responsável por criança. A coleta de dados ocorreu no mês de junho de 2024, na creche Estadual Monteiro Lobato e na escola municipal João Goulart. As variáveis analisadas incluíram: espécies de plantas medicinais, estado da amostra (fresca ou seca), forma de preparo, indicação, idade da criança. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Faculdade de Medicina de Campos, com parecer nº 6.860.677. 46% dos respondentes afirmaram fazer uso de plantas medicinais em crianças, sendo a maior prevalência de uso identificada em crianças entre um e seis anos de idade (76%). Em 96% das respostas o uso é realizado sem recomendação de um profissional de saúde. Dentre as plantas medicinais mais citadas na administração em crianças estão: a Camomila (39,1%), Cidreira (37,0%), Erva-doce (23,9%), Hortelã (19,6%) e Saião (17,4%), sendo a planta fresca a apresentação mais utilizada e a decocção e xarope caseiro, as formas de preparo mais frequentes, com a mistura de cerca de 3 a 4 plantas na preparação. O uso da Camomila e Cidreira, apontado pelos entrevistados, está relacionada a finalidade de acalmar e, da Hortelã e Erva-doce, com a finalidade digestiva e tratamento de cólica intestinal. Dessas espécies, excetuando o saião (Kalanchoe brasiliensis), todas estão descritas no Formulário de Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira (FFFB, 2ª ed.). O FFFB, recomenda o uso da inflorescência da Camomila (Matricaria chamomilla), em preparo extemporâneo por infusão e a indicação depende da fórmula de preparação, incluindo: tratamento sintomático de queixas gastrintestinais leves, de sintomas do resfriado comum, de lesões leves e inflamações da boca e orofaringe e alívio de afecções cutâneas. Todas as fórmulas apresentam advertência quanto a faixa etária, havendo fórmula com recomendação de uso pediátrico acima de 12 anos. A Cidreira (Lippia alba) é indicada para adultos como auxiliar no alívio da ansiedade leve, como antiespasmódico e como antidispéptico, sendo indicado seu preparo por infusão das folhas e flores. A Hortelã (Mentha x piperita), preparada por infusão das folhas, é indicada como auxiliar no alívio de sintomas dispépticos. A depender da fórmula, seu uso é previsto apenas em adultos. As plantas medicinais de administração mais frequente em crianças têm sido utilizadas de forma errada no que tange o preparo, a faixa etária e, em alguns casos, o uso terapêutico. Os responsáveis precisam ser orientados sobre o uso racional de plantas medicinais e os perigos que elas podem representar.

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Publicado

2024-10-17