Manejo no paciente com dengue grave e miocardiopatia dilatada:

relato de caso

Autores

  • Emilly Chagas Barros Martins
  • Igor Menezes de Faria Pereira
  • Mariah Barreto Vieira
  • Liz Stéfanie Morais Viana
  • Luiz José De Souza Faculdade de Medicina de Campos (FMC)

DOI:

https://doi.org/10.29184/anaisscfmc.v22023p50

Palavras-chave:

Dengue, Miocardiopatia Dilatada, Trombocitopenia

Resumo

Introdução: A dengue é uma doença viral de transmissão vetorial, causada pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, pertencente à família flaviviridae. Todos os quatro sorotipos da dengue podem produzir formas assintomáticas, brandas e graves. A principal característica fisiopatológica que determina a sua gravidade é o aumento da permeabilidade vascular gerando extravasamento de plasma e hemostasia anormal. Esse quadro é responsável pela hemoconcentração e trombocitopenia, que podem ser apresentadas. Nesse cenário, a dengue grave pode estabelecer manifestações cutâneas que incluem petéquias e equimoses. Além disso, observa-se uma leucopenia, e na maioria das vezes, aumento nas transaminases. A Cardiomiopatia dilatada (CMD) é um termo descritivo para um grupo de doenças de etiologias variadas que se caracterizam por dilatação ventricular com disfunção contrá- til, mais frequentemente do ventrículo esquerdo. A manifestação inicial da CMD é variável, os sinais e sintomas mais comuns são de congestão venosa pulmonar e/ou baixo débito. Fatores precipitantes, como infecções virais ou surgimento de arritmias, podem desencadear um quadro agudo de insuficiência cardíaca. Objetivos: Relatar um caso de dengue grave e suas complicações. Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 62 anos e residente em Campos dos Goytacazes-RJ. Portador de hipertensão arterial sistêmica, miocardiopatia dilatada, ex-tabagista e com histórico de infarto agudo do miocárdio. Apresentando exames anteriores: Cineangiocoronariografia e Ventriculografia Esquerda - Ventrículo Esquerdo (VE) com hipocinesia severa na parede anteroapical e hipercontratilidade discreta nas demais paredes; Oclusão da Artéria Descendente Anterior no seu terço proximal - realizado Angioplastia primária com Duplo Stent; Ecocardiograma: VE - Volume Diastólico Final 216ml e Volume Sistólico Final 135,34ml, Fração de Ejeção 37%, Fração de Encurtamento 18%. Paciente compareceu ao hospital com quadro de febre, mialgia, artralgia e inapetência. Nega sangramentos. Ao realizar hemograma, foi evidenciado plaquetopenia de 12.000/mm³ e realizada a internação. Ao exame físico: regular estado geral, normocorado, sem alterações no aparelho cardiovascular, respiratório e/ou abdominal; presença de petéquias em ambos os membros inferiores. Ao exame de imagem, foi evidenciado um aumento da área cardíaca significativa no raio-x de tórax. Exame laboratorial: confirmado o diagnóstico de dengue pela sorologia (IgM) e evidenciado uma queda de plaquetas para 10.000/mm³, leucopenia de 1.900/mm³, hemoglobina 13,3 g/dL e VHS 100 mm. Mesmo após hidratação vigorosa, paciente evoluiu com uma pancitopenia: 3.000/mm³ plaquetas, leucopenia de 890/mm³ e hemoglobina 10,9 g/dL; PCR 22,1 mg/L, VHS 80 mm, TGO 110,5 UI/L, TGP 52,6 UI/L. Foi realizada a transfusão do concentrado de plaquetas e horas depois apresentou um quadro agudo de dispneia com estertores crepitantes. Para a melhor resolução do quadro, foram administrados o diurético de alça e o deslanosídeo. Posteriormente, foi colhido um novo exame laboratorial, que evidenciou: hemoglobina 10,7 g/dL, leucócitos 5.410/mm³, plaquetas 29.000/mm³. Paciente foi liberado com alta médica após níveis plaquetários subirem. Conclusão: O paciente deste relato se enquadra no caso de dengue grave, com evolução para plaquetopenia importante com perda de líquido para o terceiro espaço. É portador de comorbidades que dificultam o manejo terapêutico.

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Publicado

2023-11-11

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